quarta-feira, 13 de agosto de 2008

CONSIDERAÇÕES SOBRE A OFERTA DE DISCIPLINAS NA MODALIDADE SEMI-PRESENCIAL VIRTUAL COM TUTORIA ON-LINE

CONSIDERAÇÕES SOBRE A OFERTA DE DISCIPLINAS NA MODALIDADE SEMI-PRESENCIAL VIRTUAL COM TUTORIA ON-LINE EM CURSOS SUPERIORES DA UnC

Nilson Thomé

RESUMO

Este estudo de caso apresenta um levantamento de situação sobre a Educação a Distância (EAD) no Brasil, enfocando a Educação Superior, no âmbito da Universidade do Contestado (UnC), da cidade de Caçador, Estado de Santa Catarina, onde, entre outros cursos e programas, há três anos implantou-se a oferta de disciplinas na modalidade semi-presencial, comuns a todos os cursos de graduação, dentro do que prevê a legislação brasileira. A pesquisa busca informações sobre a EAD, manifestações prós e contras, sobre as novas tecnologias de comunicação e informação – NTICs, notadamente aquelas vinculadas a computadores e a web, sobejamente utilizadas neste sistema. Em especial, o estudo aborda a “Tutoria On-line”, considerada a principal função docente dentro do sistema de Educação a Distância, também conhecido como Tutoria Virtual, analisando o desempenho dos profissionais em educação nesta modalidade. Objetiva-se contextualizar a qualificação do professor do magistério superior para o exercício de tutoria de EAD em disciplinas virtuais (on-line) e semi-presenciais a turmas de alunos de cursos de graduação.


PALAVRAS-CHAVE
Educação a Distância. Tutoria on-line. Universidade do Contestado.



INTRODUÇÃO

A Educação a Distância, notoriamente identificada pela sigla “EAD”, como nova modalidade de ensino superior, vem crescendo vigorosa e impressionantemente em todo o mundo e não de forma diferente no Brasil, principalmente graças aos avanços das novas tecnologias de informação e comunicação.

Propomo-nos a realizar uma investigação tratando do tema “Tutoria on-line em Educação a Distância”, a partir do problema constatado de que as instituições brasileiras de educação superior estão autorizadas a oferecer a distância - EAD até 20% das disciplinas dos cursos de graduação. Isso significa que, num hipotético curso superior, até 20% das horas-aula de uma disciplina presencial podem ser oferecidas de forma virtual, ou então, com um total de 50 disciplinas a integralizar, até dez delas podem ser oferecidas no sistema a distância, inclusive virtualmente. A boa e eficiente preparação do professor, acostumado a aulas presenciais, para exercer as funções de tutor em EAD nestas disciplinas semi-presenciais, para turmas de alunos de salas de aula, surgiu como uma questão para estudos.

Objetivamos contextualizar a qualificação do professor do magistério superior para o exercício de tutoria de EAD em disciplinas virtuais (on-line) e semi-presenciais a turmas de alunos de cursos de graduação. Mais especificamente, objetivamos contextualizar as ofertas da Educação a Distância nos formatos e nos padrões mais modernos e mais difundidos; analisando instrumentos didático-pedagógicos para a preparação de professores visando desenvolver competências de tutoria em EAD; e ver como está a instrução e capacitação do professor para atuar virtualmente em EAD na Universidade do Contestado (UnC) com as ferramentas virtuais mais adequadas. Por isso, evidentemente, este é um estudo de caso.

Para realizar uma pesquisa atual sobre o tema envolvendo a educação on-line, apontando a diversidade de abordagens, ferramentas virtuais e metodologias existentes e mais empregadas nessa modalidade de ensino, lançamo-nos a tarefa de efetuar uma busca de informações sobre a disponibilidade de instrumentos desejáveis para planejamento de cursos, gerenciamento e avaliações e, ainda, pesquisar as formas como os profissionais da educação vêm sendo capacitados para atuarem em EAD, bem como as principais carências atuais.

Um dos principais motivos que nos levaram a escolher esta temática foi o de que, paralelamente ao magistério presencial, da forma tradicional, exercemos tutoria on-line na Universidade do Contestado (UnC), na cidade de Caçador, Estado de Santa Catarina, desde 2004, dedicando-nos a trabalhar virtualmente junto a alunos de graduação do Campus de Caçador, como docentes em disciplinas que são comuns a todos os cursos superiores. Aqui, encontramos problemas e dificuldades de adaptação, considerando que a nossa formação básica, toda ela foi direcionada para atuação no ensino tradicional, ou seja, na modalidade de ensino presencial, sem nenhum preparo curricular para trabalhar com as chamadas novas tecnologias de comunicação e informação, as NTICs, o que aprendemos posteriormente.

Foi nesta lida que encontramos a veia aberta para investigações sobre o exercício do magistério em EAD por outros professores não suficientemente treinados e não qualificados, ou não aperfeiçoados para tal, assim permitindo que surjam avaliações negativas deste avançado sistema de ensino por parte das duas outras bases do tripé – instituição e alunos – que sustenta a EAD nas universidades. E aqui também deparamo-nos com a possibilidade de ser considerada mais de uma interpretação sobre o limite (ou quota) de até vinte por cento para a oferta de disciplinas semi-presenciais em cursos superiores tradicionais, variáveis incluídas nos objetivos do presente trabalho.

O que mais chama a atenção no momento histórico de 2008 é o fato de que quase dez universidades e centros universitários brasileiros, com sedes em outras regiões de Santa Catarina (UFSC, UDESC, UNISUL, UNIVALI, UNIASSELVI) e em outros Estados (UNIDERP, UNICOC, UNITINS, UNOPAR, ULBRA, UNINTER), estão instalando centros associados ou pólos avançados nas cidades-sedes de campi da UnC – inclusive na sede da Reitoria, em Caçador – assim subtraindo-lhe substancial número de alunos, atraídos pelas facilidades, menos tempo de integralização e menor custo da Educação a Distância, ao mesmo tempo em que a UnC mantém-se parada no tempo e no espaço, inclusive, já tendo determinado agora em 2008, em um dos seus campi, a suspensão da oferta de cursos e de disciplinas em EAD sob a desculpa de “causar problemas financeiros”, “reclamações de alunos” ou “por não dar lucro”.


EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA UnC

Com sede em cidades do Estado, no final de 2007, estavam credenciadas pelo MEC para oferecer educação superior na modalidade a distância apenas algumas IES, como a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), a Universidade do Contestado (UnC), a Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), o Centro Universitário Da Vinci (UNIASSELVI) e a Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Paralelamente, diversas instituições estabelecidas em outros estados já mantêm pólos avançados em muitas cidades catarinenses do interior.

A Universidade do Contestado (UnC) é uma instituição de Educação Superior, com sede na cidade de Caçador, Estado de Santa Catarina, constituída no modelo multi-campi pela junção de cinco centros de ensino de antigas fundações educacionais, antes isoladas, sediadas nas cidades de Concórdia, Mafra, Canoinhas, Curitibanos e Caçador. Mantida por uma fundação de direito privado, constituída pelas cinco fundações municipais (estatais), a UnC apresenta-se como uma organização comunitária e de caráter público, sem fins lucrativos.

Administrativamente, um dos mais graves problemas que aflige a UnC é a descentralização da gestão, à vista da quase total autonomia proporcionada aos campi, para oferecer cursos que sejam do seu interesse microrregional, com liberdade, assim não seguindo determinações da Reitoria. Academicamente, a Universidade do Contestado não adota o sistema de departamentalização das disciplinas por áreas de conhecimento. Estrutura-se em campus, cursos e disciplinas, considerando cada campi uma unidade isolada das outras.

A Fundação Universidade do Contestado, mais as cinco fundações municipais, consideradas co-mantenedoras da UnC, instituíram em 2004 o Núcleo de Educação a Distância (NEAD), sendo um núcleo central subordinado à Reitoria e mais cinco núcleos locais, que, juntos, passaram a formar uma comunidade virtual de aprendizagem dentro de um espírito humanista e ético, com os objetivos de oferecer e compartilhar novos espaços de aprendizagem mediada pelas tecnologias de informação e comunicação, e desenvolver processos e produtos educacionais que tenham como foco a interação entre os agentes da aprendizagem na busca permanente de inovação educacional.

Basicamente, o NEAD foi estruturado para, entre suas atribuições principais, estabelecer o Programa Geral de Educação a Distância da UnC-Virtual, analisar e deliberar sobre projetos de EAD e aprovar regulamentos e normas para Educação a Distância. Ficou evidente, desde o início, a opção pelo sistema virtual para a Educação a Distância nesta IES, com a utilização das novas tecnologias de comunicação e informação (NTICs).

A 8 de dezembro de 2004, a Câmara de Educação Superior do Conselho nacional de Educação aprovou parecer favorável, com o número CNE/CES Nº 377/2004, credenciando e autorizando a UnC para a oferta de curso de pós-graduação lato sensu a distância e de cursos de graduação a distância. Por se tratar de instituição de ensino superior ligada à supervisão do Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina, ficou estabelecido que os processos de reconhecimento de cursos da UnC ocorrerão em nível daquele Conselho.

DISCIPLINAS NA MODALIDADE EAD

Na Educação Superior, na amplitude do enfoque que envolve cursos e programas, existe também a especificidade da oferta de disciplinas integrantes dos cursos de graduação utilizando a modalidade EAD. Ainda quando estava em vigor o Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, o MEC, pela Portaria nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004, resolveu revogar a Portaria nº 2.253/2001, de 18/10/2001, e aplicar novas normas à oferta de disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semi-presencial por instituições de ensino superior, como se lê no artigo 1º e seus parágrafos, destacando-se:

§ 1º Para fins desta Portaria, caracteriza-se a modalidade semi-presencial como quaisquer atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-aprendizagem centrados na auto-aprendizagem e com a mediação de recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação que utilizem tecnologias de comunicação remota.

§ 2º Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput, integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20 % (vinte por cento) da carga horária total do curso (MEC, Portaria 4.059, de 10/12/2004, art. 1º).


Entre outras disposições, esta portaria do Ministro da Educação estabelece que a oferta das disciplinas deve incluir métodos e práticas de ensino-aprendizagem que incorporem o uso integrado de tecnologias de informação e comunicação para a realização dos objetivos pedagógicos, bem como deve prever encontros presenciais e atividades de tutoria. Também, esclarece que a tutoria das disciplinas ofertadas na modalidade semi-presencial implica na existência de docentes qualificados em nível compatível ao previsto no projeto pedagógico do curso, com carga horária específica para os momentos presenciais e os momentos a distância.

Em Santa Catarina, esta possibilidade está regulamentada no teor da Resolução CEE/SC nº 21, de 17/05/2005, que alcança as disciplinas que compõem currículos dos cursos de graduação reconhecidos, onde consta no primeiro artigo :

§ 1º Para fins desta Resolução, caracteriza-se a modalidade a distância como quaisquer atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-aprendizagem centrados na auto-aprendizagem e com a mediação de recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação que utilizem tecnologias de comunicação remotas.
§ 2º Poderão ser ofertadas as disciplinas no caput, integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20% (vinte por cento) da carga horária total do curso (CEE/SC, Res. 021/2005, de 17/05/2005, art. 1º, § 1º e 2º).

Com a criação do Núcleo de Educação a Distância (NEAD), a Universidade do Contestado, passou a oferecer as disciplinas “História do Contestado”, “Universidade e Sociedade”.e “Metodologia Científica”, que são comuns a todos os cursos de graduação. Esta oferta extraordinária de disciplinas, na modalidade semi-presencial, portanto, está autorizada pelo Ministério da Educação , que autoriza as instituições de educação superior a utilizarem até vinte por cento (20%) da carga horária total do curso de graduação.

Observando, aqui, de forma combinada, o caput do art. 1º da portaria 4.059, com seu § 2º, encontramos a possibilidade de que poderão ser ofertadas as disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semi-presencial, integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20% (vinte por cento) da carga horária do curso.

A primeira interpretação sobre os 20%

Pela interpretação didática de 2004, a Reitoria da UnC entendeu que poderia oferecer os permitidos 20% a partir do número de disciplinas (40 em média). Assim, oito delas poderiam ser oferecidas na modalidade semi-presencial e as restantes 32 deveriam ser oferecidas inteiramente na modalidade presencial. Entre estas oito, em 2007, em oferta semi-presencial em alguns campi, estavam três: “História do Contestado”, “Metodologia Científica” e “Universidade e Sociedade” ,

Diante disso, se tomarmos por base o Curso de Administração ou o Curso de Ciências Contábeis, ambos oferecidos no tempo noturno, em todos os campi da UnC, na categoria de “presenciais”, bacharelados da área das ciências sociais aplicadas , veremos que os dois cursos apresentam em suas grades curriculares cerca de quarenta (40) disciplinas, algumas comuns às duas graduações. Nesta linha de interpretação, poderiam ser oferecidas, ainda, dentro do limite de até 20%, mais cinco disciplinas, estas, as de “Português”, “Economia”, “Matemática”, “Metodologia da Pesquisa” e “Sociologia”, inclusive todas elas comuns aos dois cursos, em diferentes fases semestrais do período de integralização.

A interpretação está correta e isso é possível. Neste caso, como aqui explicitado, com oito disciplinas comuns aos dois cursos, oferecidas de forma semi-presencial, em todos os campi a UnC, liberar-se-ia a ocupação de muitas salas de aulas por semestre, um espaço considerável que poderia ser utilizado por outras variáveis educacionais, sem contar a economia com a redução de custos operacionais de pessoal e de custeio geral dos cursos. A economia gerada poderia, então, ser repassada aos alunos, como redução dos valores dos encargos educacionais. Todos ganhariam e ninguém perderia.

A segunda interpretação sobre os 20%

A legislação sobre EAD autoriza: poderão ser ofertadas as disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semi-presencial, integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20% (vinte por cento) da carga horária do curso. Observe-se que a regra não estabelece “20% das disciplinas do curso”, esta que é medida em unidades curriculares (matérias); trata de “20% da carga horária do curso”, esta que é medida em horas (horas-aula ou horas/relógio).

Abre-se aqui, a possibilidade de uma nova interpretação, não considerada anteriormente pela UnC, mas igualmente matemática: a de que, se a carga horária de um determinado curso superior for de 3.000 horas, vinte por cento delas – ou, mais especificamente, 600 horas – podem ser utilizadas, distribuídas em quaisquer (em todas ou em algumas) disciplinas, para a modalidade não presencial, ou seja, através da modalidade de Educação a Distância.

Desta forma, na integralização de um curso, até o limite de 600 horas, muitas disciplinas semestrais de 60 horas (de 4 créditos), poderão dispor parcialmente de aulas não-presenciais, até o limite de 20% da sua carga horária própria, ou seja, de 12 horas não-presenciais por disciplina. Esta flexibilização, com a adoção do sistema bi-modal (semi-presencial), significa que os alunos disporiam de algumas noites para atividades não realizadas obrigatoriamente presenciais em salas de aula .

Em outra alternativa, por diversos dias de aulas (a maioria delas que são noturnas na UnC), até poder-se-ia reduzir a carga horária diária, de quatro para três horas-aula, assim permitindo o início um pouco mais tarde que atualmente, e o final um pouco mais cedo. E existem outras variáveis que poderão ser pensadas, nesta mesma direção, de economia para todas as partes.

Em trabalho apresentado no XII Congresso Internacional da ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância, realizado em 2005, em Florianópolis, sob o título “A ampliação dos vinte por cento a distância: Estudo de caso da Faculdade Sumaré-SP”, o renomado professor José Manuel Moran foi muito claro na introdução:

Ensinar em uma instituição superior não pode se reduzir aos momentos dentro de uma sala de aula. Podemos flexibilizar a forma de organizar os momentos de sala de aula e os de aprendizagem virtual de forma integrada e alternada. Os cursos podem alternar momentos de encontro numa sala de aula e outros em que continuamos aprendendo cada um no seu lugar de trabalho ou em casa, conectados através de redes eletrônicas. [...].
Hoje há uma discussão teórica intensa sobre o blended learning, o ensino e aprendizagem semi-presenciais. Autores como ROVAI e JORDAN (2004), ARETIO (2004), MORGADO (2005), MORAN (2004), entre outros, mostram que o caminho da educação passa pela convergência entre o presencial e o virtual, na combinação integrada de tempos e espaços, tornando o currículo flexível. No Brasil temos o limite dos vinte por cento. Outros países estão implantando o ensino semi-presencial ou blended learning sem limites legais (MORAN, 2005).

A flexibilização dos currículos de todos os cursos de graduação, com a adoção do sistema bi-modal, semi-presencial – parte presencial e parte a distância – viria a integrar as atividades educativas, revelando-se como algo novo e promissor para a educação escolar. Combina o melhor da presença física do professor e do aluno, com situações em que a distância pode ser de muito mais utilidade.

Pouquíssimas são as instituições universitárias e pouquíssimos são os administradores escolares que vem desenvolvendo planejamentos integrados sobre a utilização dos 20% a distância, nesta discussão envolvendo técnicos e professores, mais alunos, dos cursos e das disciplinas. Moran (2005) menciona que a medida, mesmo incipiente, já permitiu que muitos professores e instituições trouxessem para o ensino presencial a experiência de gerenciar atividades a distância, criando um novo espaço de ensino e aprendizagem virtual, complementar ao da sala de aula e introduziu nas universidades e escola a educação online.

Moram (2005) sugere que as universidades poderiam flexibilizar seus currículos até chegar a uma carga horária média de 50% para aulas presenciais e 50% a distância. Segundo ele, cada universidade terá de definir qual é o ponto de equilíbrio entre o presencial e o virtual, de acordo com cada área do conhecimento, pois há disciplinas que necessitam mais da presença física, como as que utilizam laboratórios de experimentações (farmácia, enfermagem, biologia, etc.) ou interação corporal (dança, teatro etc.). O importante seria experimentar várias soluções nos diversos cursos.

Em poucos anos, dificilmente teremos um curso totalmente presencial. Por isso caminhamos para muitas formas mistas e combinadas de organização de processos de ensino e aprendizagem e de gestão administrativo-pedagógicas. Vale a pena inovar, testar, experimentar, porque avançaremos mais rapidamente e com segurança na busca destes novos modelos de avaliação que estejam de acordo com as mudanças rápidas que experimentamos em todos os campos e com a necessidade de aprender continuamente.
É fundamental hoje pensar o currículo de cada curso como um todo, e planejar o tempo e as atividades em sala de aula e em ambientes virtuais. A maior parte das disciplinas pode utilizar parcialmente atividades a distância. Algumas que exigem menos laboratório ou estar juntos fisicamente podem ter uma carga maior de atividades e tempo virtuais. A flexibilização de gestão de tempo, espaços, atividades de aprendizagem e de avaliação é necessária, principalmente no ensino superior ainda tão engessado, burocratizado e confinado à monotonia da fala do professor na sala de aula e às velhas rotinas das avaliações pontuais como provas e trabalhos rotineiros e descolados da realidade dos alunos (MORAN, 2006).

Indo nesta mesma direção, manifestamo-nos por ocasião de pronunciamento no XI Congresso de Educação, realizado na UnC, em Caçador, em 5 de outubro de 2007, Com a evolução acelerada das tecnologias de informação e comunicação audiovisual – as TICs – em tempo real e o seu custo proporcional menor, insinuamos poder-se repensar a organização dos cursos presenciais. Poder-se-ia pensar em professores-tutores atendendo a várias turmas/salas ao mesmo tempo, interagindo com elas ao vivo e organizando atividades a distância, com ajuda de tutores-assistentes, desde que haja vontade política dos administradores da UnC para que isso aconteça.

A terceira possibilidade: 20% + 20%

Até 2006, a Universidade do Contestado adotava para todos os seus cursos de graduação a proporcionalidade de quinze horas/aula para cada crédito, com o que uma disciplina de 4 créditos corresponderia a 60 horas/aula. Com isso, num período noturno de três horas/relógio, eram atribuídas quatro horas/aula (de 45 minutos). Isso mudou com o novo entendimento do Conselho Nacional de Educação, que estabeleceu a “hora/aula” como sendo a mesma da “hora/relógio”, ou seja, com 60 minutos. Assim, em 2007, a UnC procedeu alteração curricular em todos os cursos, determinando que, a partir de 2008, fossem ministradas 18 horas/aula (ou 15 horas/relógio) para cada crédito, criando um problema com o próprio calendário letivo, na previsão de alcançar o limite de 200 dias letivos obrigatórios de trabalho acadêmico efetivo em cada curso superior dentro dos previstos doze meses.

Diante do novo entendimento das normas sobre horas/aula e horas/relógio, a 2 de julho de 2007,o Conselho Nacional de Educação expediu a Resolução nº 3, a partir da qual a Pró-Reitoria de Ensino da UnC baixou um documento com diretrizes para o cumprimento do que dispôs o artigo 2º deste documento, onde consta:

Art. 2º – Cabe às instituições de Educação Superior, respeitando o mínimo de 200 dias letivos de trabalho acadêmico efetivo, a definição da duração da atividade acadêmica ou do trabalho discente efetivo que compreenderá:

I – Preleções e aulas expositivas;

II – Atividades práticas supervisionadas, tais como laboratórios, atividades em biblioteca, iniciação científica, trabalhos individuais e/ou em grupo, prática de ensino, e outras atividades no caso das licenciaturas.

Art. 5º - O atendimento do disposto nesta resolução referente às normas de hora-aula e às respectivas normas de carga horária mínima, aplica-se a todas as modalidades de cursos: bacharelados, licenciaturas, tecnologias e seqüenciais.


Para cumprimento das normas, a 4 de agosto de 2007 a Pró-Reitoria de Ensino da UnC optou por instruir às direções acadêmicas dos campi e às coordenações dos cursos superiores, para a adoção das novas diretrizes já para o ano letivo de 2008, assim definidas :

Compreendendo atividades acadêmicas como o conjunto de ações que envolvem o processo ensino aprendizagem, tanto no ambiente de sala de aula quanto fora dele, ficam assim estabelecidos os procedimentos que deverão ser adotados para o cumprimento da carga horária das disciplinas dos cursos de graduação, a partir do 1º semestre de 2008, para os Cursos de Regime Regular e para os Cursos de Regime especial em novas fases que iniciarem após a aprovação destas diretrizes no âmbito da Universidade do Contestado.
a) As atividades relacionadas às disciplinas que compõem o currículo dos cursos de graduação deverão ser organizadas de forma que integralizem a carga horária definida nos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Graduação;
b) Para o cumprimento da carga horária envolvendo atividades não presenciais, o professor da disciplina deverá estabelecer todos os procedimentos, bem como o cômputo da carga horária que será convalidada para cada atividade desenvolvida pelos acadêmicos;
c) O Planejamento de atividades não presenciais deverá constar no Plano de Ensino de cada disciplina e passar pela apreciação e aprovação junto ao colegiado do curso.
d) As atividades não presenciais deverão compor os registros de avaliação da disciplina para a integralização da nota final do acadêmico.
e) No caso do professor não estabelecer atividades não presenciais, no Plano de Ensino, a carga horária da disciplina deverá ser totalizada em sala de aula, conforme determinações dos Regulamentos Internos da UnC.
f) Para a integralização da carga horária de cada disciplina, deve ser observado que cada 1 (um) crédito equivale a 18 horas-aula, destas, 3 horas-aula poderão ser computadas como atividades não presenciais.
g) As atividades utilizadas para a integralização da carga horária das disciplinas que compõe a matriz curricular dos cursos de graduação, não poderão ser utilizadas para o cômputo de horas de atividades complementares. [negrito nosso].


Desta forma, atendendo às exigências do CNE, a Pró-Reitoria de Ensino da UnC buscou solução prática e confortável para manter os horários das jornadas das aulas dentro do cronograma e do calendário para o ano letivo: mantém-se o critério de 15 horas presenciais em sala de aula para cada crédito, adicionando-se mais três horas “não presenciais” para cada crédito, assim atingido a 18 horas regulamentares por crédito.

O que deve ser muito bem considerado e entrar agora em discussão, é a constatação de que, a princípio, não se observa nenhuma incompatibilidade entre uma norma e outra, ou seja, entre a possibilidade de se chegar a proporcionar aulas por EAD a soma de até 40% das horas, ou seja, a até 20% da carga horária de uma disciplina e a possibilidade de proporcionar atividades extra-classe de até 20% da carga horária de uma disciplina.

Haveria, ainda, a alternativa de a UnC vir a determinar a utilização de até 40% das disciplinas com atividades não-presenciais, mas dividindo esta porcentagem entre até 20% para aulas virtuais aos cuidados do NEAD e até 20% para aulas de atividades extra-classe a cargo de cada professor.

A TUTORIA ON-LINE

Tutoria, na categoria “on-line”, é uma atividade diretamente vinculada aos recentes instrumentos de Educação a Distância que, desde o surgimento e disseminação da internet, vem sendo empregados pelas instituições que operam o ensino na modalidade virtual, ou seja, com a utilização de computadores. Nesta atividade, tutor on-line vem a ser o profissional que atua diretamente nos processos de ensino-aprendizagem adotados pelas instituições, como “ponte” entre o conteúdo disponibilizado e os alunos e, assim, porque não dizer, atuando como professor ante os participantes “em aula não presencial”.

Para Gonzalez (2005, p. 21), professor-tutor é o profissional docente que conta simultaneamente com duas características essenciais: “domínio do conteúdo técnico-científico e habilidade para estimular o participante a buscar respostas”. Para o autor, cabe ao professor-tutor mediar todo o desenvolvimento do curso. É ele que responde a todas as dúvidas apresentadas pelos estudantes no que diz respeito ao conteúdo da disciplina oferecida. “A ele cabe também mediar a participação dos estudantes nos chats, estimulá-los a participar e a cumprir suas tarefas, e avaliar a participação de cada um” (2005, p. 40).

Segundo instrui o SENAC/MS em seu curso de extensão sobre “Tutoria On line”, ministrado a distância, a tutoria on-line é um trabalho complexo, por abranger múltiplas funções. O tutor de cursos na web assume funções comuns à educação em geral (seja ela presencial ou a distância), mas é convidado ao desafio de construir novas maneiras de ensinar e aprender, utilizando todo o potencial que as tecnologias modernas podem oferecer. Desta forma, particularidades importantes na condução de um curso on-line exigem uma formação específica e habilidades diferenciadas daquelas atualmente requeridas para a docência presencial.

Deve-se observar, no entanto, a tendência de que num futuro não tão distante, ocorra uma aproximação entre as duas modalidades, visto que as tecnologias estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Esta aproximação deverá favorecer a ambas, reunindo a trajetória construída pela experiência do presencial com as possibilidades de comunicação e acesso à informação; possibilidades essas que foram trazidas pelos avanços tecnológicos (SENAC/MS, 2007).


A complexidade e a relevância do papel do tutor nos programas e cursos de Educação a Distância demonstram a necessidade de um perfil profissional com habilidades e competências quase paradigmáticas. Espera-se que o tutor on-line, além de domínio da política educativa da instituição à qual está servindo, e do conhecimento atualizado do conteúdo das disciplinas sob sua responsabilidade, exerça uma sedução pedagógica adequada no processo educativo. Por isso, “o professor-tutor investe na construção de uma relação de respeito e confiança, buscando despertar o amor pelo conteúdo e visando superar os obstáculos encontrados pelo aprendiz” (GONZALEZ, 2005, p. 79).


Consta no Regimento da EAD da UnC, que o professor “tutor” é aquele profissional devidamente habilitado, a quem compete: definir um plano de trabalho em conjunto com os professores e alunos; orientar e motivar os alunos e professores, acompanhando suas atividades no curso, procurando sempre orientá-los quanto ao desenvolvimento de estratégias de estudo autônomo e à melhoria do processo de ensino-aprendizagem; apresentar ao coordenador de curso e/ou professores das disciplinas, relatórios sobre as atividades desenvolvidas, bem como os resultados alcançados; e, finalmente, desempenhar a função de facilitador da aprendizagem. Prevê-se ainda que os “tutores” poderão ser auxiliados ou assessorados por “monitores”.

A Universidade do Contestado oferece programas e cursos em EAD, sendo que, no presente estudo, enfocamos apenas a atividade do NEAD relacionada com a oferta de disciplinas semi-presenciais nos cursos de graduação, dentro da cota de até 20% da carga horária e, neste caso, a abordagem se dirige especificamente ao seu Campus de Caçador.

No âmbito da UnC, verifica-se que para a EAD tem-se aproveitado a mão-de-obra qualificada disponível. Os professores-conteudistas chamados à inicial elaboração dos conteúdos das disciplinas, têm sido os próprios docentes, ligados aos quadros do magistério superior dos campi onde as disciplinas são oferecidas. Somente em casos extremos seriam convidados profissionais externos à IES, o que, até o presente momento, não se fez necessário, considerando-se que as disciplinas oferecidas a distância são as mesmas até então oferecidas presencialmente. Para atuarem como professores-tutores, a exercerem este papel junto às turmas de alunos, têm sido chamados os docentes até aqui atuantes nos campi, considerados titulares tradicionais nas respectivas disciplinas.

Entre estes, há aqueles que não têm formação específica para o magistério, ou seja, não se diplomaram em licenciaturas: são bacharéis nas suas formações, convidados posteriormente para o exercício da docência nos cursos das suas áreas de atuação. Também há aqueles que concluíram licenciaturas, mas em cursos diferentes daqueles agora oferecidos a distância. E em ambos os casos, a grande maioria não teve a devida e necessária preparação para o uso em sala de aula das novas tecnologias de informação e comunicação, as NTICs, muito menos, ressalte-se, naquelas indispensáveis para uso em Educação a Distância, aqui incluindo o domínio dos softwares, dos hardwares, com todas as suas ferramentas síncronas e assíncronas disponibilizadas para EAD, como fóruns, chats, mensagens, murais, agendas, hiper-textos, espaços de interatividade, etc..

O NEAD da UnC, tem mostrado preocupação com a capacitação dos professores – de todos os seus campi – que, voluntária ou compulsoriamente, passaram a atuar em Educação a Distância. Neste sentido, pelo menos dois cursos são oferecidos anualmente, quando há demanda. Um, denominado “Curso de Capacitação em Educação a Distância” e, outro, mais específico, é o “Curso de Capacitação em Produção de Materiais Didático-Pedagógicos para EAD”. Apesar de não serem cursos direcionados diretamente para treinamento de professores à tutoria on-line, são considerados como de formação básica, mínima, necessária e indispensável, mas podem ser aprimorados.

AULAS ON-LINE NA UnC

Organizar a IES para oferecer disciplinas de graduação, com parte delas disponibilizadas on-line, preparar os professores para atuarem na modalidade semi-presencial, e orientar os alunos para trabalharem com este sistema, requer dos responsáveis pela UnC e, especificamente, de cada campi, algumas medidas acadêmicas conjuntas – pedagógicas e administrativas – para a reorganização regimental das aulas da própria UnC.

Aulas em EAD na primeira interpretação sobre os 20%

Mantendo a UnC o atual sistema de ofertas de disciplinas por EAD, conforme a primeira interpretação da cota dos 20%, como exposto em item anterior, há que se considerar algumas possibilidades imediatas de alterações regimentais para favorecer a parte mais importante do “tripé” de sustentação da EAD, que é o aluno:

a) No interior da Reitoria da UnC, o NEAD precisaria ser reestruturado adequadamente para vir a atuar como se fosse um curso presencial (o NEAD poderia ter o mesmo status de curso na IES), organizado como tal, para desenvolver suas atividades em paralelo aos cursos. Todas as disciplinas ofertadas em EAD lhes seriam atribuídas para gerenciamento. O quadro docente abrigaria os professores conteudistas e os professores tutores, tantos quantos assim o requeiram cada disciplina, à vista do conteúdo e do número de matrículas;

b) As disciplinas de todos os cursos de graduação, relacionadas como possíveis para serem ofertadas dentro da cota dos 20% em EAD, pedagogicamente deveriam continuar constando das respectivas grades curriculares dos alunos nos seus cursos de origem, mas, para efeitos operacionais, na esfera administrativa, devem passar da relação dos cursos para a relação do NEAD, através do qual elas seriam oferecidas e gerenciadas.

c) Para cada disciplina, o NEAD abriria turmas de até 50 vagas, independentemente da origem do aluno, designando um tutor para cada turma. Não importa em qual curso de origem o aluno esteja matriculado. A distribuição dos alunos nas turmas EAD seria aleatória, com o que permitir-se-ia dividir e espalhar os alunos entre várias e diferentes turmas (propiciando a integração acadêmica) e, aos professores tutores, possibilitar-se-ia organizarem comunidades (grupos) e usarem mais as ferramentas colaborativas para melhor proveito das aulas.

d) Preferencialmente, o reagrupamento dos alunos em listas de EAD deveria ser por departamento, ou seja, considerando as áreas do conhecimento às quais os cursos de origem estejam agrupados, com o que se manteria as afinidades de natureza didático-pedagógicas dos alunos em relação às áreas de suas matrículas iniciais e em relação aos conteúdos programáticos.

e) Ao final, após a última avaliação dos alunos, o NEAD receberia dos tutores e atribuiria as notas semestrais nas suas listas de turmas, sendo que o próprio sistema gerencial (gestor) acadêmico (pedagógico-administrativo), com a utilização de software adequado, transferiria automaticamente as notas para as listas de alunos nos respectivos cursos.

f) Os valores dos encargos educacionais dos alunos poderiam sofrer alterações para que se possam realizar as necessárias adequações e equiparações financeiras. Assim, os valores dos créditos das disciplinas semi-presenciais sob controle do NEAD não necessariamente seriam os mesmos – variados e diferentes por cursos – cobrados dos alunos nas disciplinas tradicionais, como atualmente se faz, mas sim, passariam a ser uniformes dentro de cada departamento (área do conhecimento). Como a UnC é uma instituição sem finalidade lucrativa, a rigor, o ideal seria que todas as disciplinas oferecidas por EAD para quaisquer cursos de origem tivessem um só preço – o de custo – independentemente dos custos isolados de cada curso.

Aulas em EAD na segunda interpretação sobre os 20%

Na hipótese de adoção do segundo entendimento sobre a oferta de 20% da grade curricular, medida em horas/aula (como em item anterior) a UnC deveria proceder outras alterações regimentais, destacando:

a) No Regimento, abertura da possibilidade da oferta de aulas não presenciais em cursos tradicionais, até o limite de 20% da carga horária total de cada curso, distribuídas em determinadas disciplinas – com o que alterar-se-ia institucionalmente a obrigatoriedade da presença física em 75% das aulas, uma vez que essa determinação deixa de ter sentido prático.

b) Regulamentação, através do NEAD, dos instrumentos de Educação a Distância a serem empregados pelos professores, para o atendimento aos alunos nas consideradas aulas não presenciais – que poderiam ser virtuais ou não. Acolhido aqui o sistema virtual em EAD, então se definiriam as ferramentas on-line a serem utilizadas.

c) Com a não utilização de salas de aula por diversos períodos letivos, a economia obtida pela Instituição com a redução de despesas de custeio, seria repassada aos alunos, como redução nos valores dos seus encargos educacionais. Aqui, entretanto, não se aplica a sugestão apresentada no item anterior (Nota 31), a respeito da possibilidade de unificação de valores de créditos por áreas de conhecimento dos cursos.

d) Os professores formados para atuar nas formas tradicionais de ensino, deveriam passar por treinamento específico e direcionado para trabalharem na modalidade bi-modal de EAD, capacitando-se para atuarem nas aulas não presenciais ou virtuais.

Novos Horizontes

Segundo os novos e recentes entendimentos sobre as representatividades dos 20%, agora, ao NEAD da UnC-Virtual e às coordenações das áreas e dos cursos, poderiam caber as tarefas de organizar didática e pedagogicamente atividades virtuais correspondentes a hipotéticas até 40% das horas, ou seja, ou seja, a até 20% de horas-aula fora da sala-de-aula, por exemplo de 12 horas-aula numa disciplina de 60 horas-aula (Portaria MEC nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004) e, da mesma forma, poder-se-iam atribuir ao NEAD a organização das previstas 12 horas-aula “livres de salas-de-aula” para cada uma das disciplinas (MEC. CNE, 2007), não deixando esta organização a critério de cada professor de disciplina em particular e limitadas a “atividades práticas supervisionadas, tais como laboratórios, atividades em biblioteca, iniciação científica, trabalhos individuais e/ou em grupo, prática de ensino, e outras atividades” .

Desta forma, cumprindo-se a lei, na orientação de realizar 72 horas-aula (de 45 minutos) por disciplina de 60 horas-relógio, poder-se-ia delegar ao NEAD da UnC-VirtuaL as atividades correspondentes a estas 12 horas-aula – os primeiros 20%s – e mais, também sobre as seguintes 12 horas-aula – os segundos 20% - assim registrando-se, a rigor, 48 horas presenciais e 24 horas virtuais em cada disciplina, respeitando-se os limites máximos permitidos, ou então, dividindo esta porcentagem entre até 20% para aulas virtuais aos cuidados do NEAD e até 20% para aulas de atividades extra-classe a cargo de cada professor.

CONCLUSÃO

Tendo a Universidade do Contestado como foco, nossa proposta teve o objetivo de contextualizar a qualificação do professor do magistério superior para o exercício de tutoria de EAD em disciplinas semi-presenciais virtuais (on-line) a turmas de alunos de cursos de graduação. Assim, foi nossa intenção neste estudo contextualizar as ofertas da Educação a Distância nos formatos e nos padrões mais modernos e mais difundidos; analisando instrumentos didático-pedagógicos para a preparação de professores visando desenvolver competências de tutoria em EAD. Também objetivamos saber sobre a instrução e capacitação do professor para atuar virtualmente em EAD com as ferramentas virtuais mais adequadas.

Observamos que os cursos de licenciaturas oferecidos na UnC, como de Pedagogia, História, Geografia, Matemática, Biologia, entre outros, não contém disciplinas específicas que prepararem adequadamente o professor para a manipulação de ferramentas virtuais como materiais didático-pedagógicos. Elas não contemplam o ensino sobre as técnicas e as novas tecnologias de informação e comunicação, para que os licenciados possam vir a melhor atuar nos níveis de educação básica (ensino fundamental e médio). Assim, mesmo formados em licenciaturas, também não estão aptos a trabalhar em disciplinas, cursos e programas de Educação a Distância que utilizem a internet.

[...]. Defendemos, na formação inicial e continuada do professor, o uso dos recursos tecnológicos que possam apoiá-lo em sua prática de sala de aula e na dinâmica de investigação de suas próprias práticas. Assim, poderá buscar caminhos de valorização de suas vivências e experiências, possibilitando-lhe, em parceria com outros professores, efetivar uma metodologia interdisciplinar, discutindo a relação entre os saberes profissionais, a experiência, a criatividade e a reflexão crítico-científica a respeito da evolução humana e dos artefatos tecnológicos. (BRITO; PURIFICAÇÃO, 2006, p. VIII).

Existe a necessidade de preparar mais os professores formados na educação tradicional para trabalharem também como tutores no sistema on-line em EAD, nos cursos de graduação que contemplem disciplinas ofertadas na modalidade semi-presencial. A par da qualificação docente on-line para EAD, este estudo também discorreu sobre as possibilidades de benefícios que as ofertas de disciplinas inteiras ou de parte das horas (20%) de algumas disciplinas, no sistema bi-modal, poderiam alcançar os alunos, assim beneficiando-os diretamente, além dos ganhos das Instituições e dos professores.

A flexibilização dos currículos de todos os cursos de graduação, com a adoção do sistema bi-modal, semi-presencial – parte presencial e parte a distância – viria a integrar as atividades educativas, revelando-se como algo novo e promissor para a educação escolar. Combina o melhor da presença física do professor e do aluno, com situações em que a distância pode ser de muito mais utilidade.

A Universidade do Contestado necessita aperfeiçoar toda a sua estrutura acadêmica voltada a Educação a Distância, como forma de acompanhar a evolução da educação superior no Brasil e no mundo. As conquistas, os avanços, a serem rapidamente obtidos na graduação, poderão se estender também aos cursos de pós-graduação lato-sensu e à extensão.

Se entendermos que o grande avanço da Educação a Distância aconteceu mundialmente no final do Século XX com a introdução do computador, com o rápido desenvolvimento de softwares educacionais e, acima de tudo, no limiar do terceiro milênio com a disseminação da internet, observamos que qualquer IES, hoje, somente se identifica com o futuro, se souber bem aproveitar as ferramentas das NTICs em EAD, preparando as novas gerações para circular livremente no ciberespaço, participando da cibersociedade do século XXI nos campos do social, do político, do cultural e do econômico, pois que a EAD explora certas técnicas de Educação a Distância, incluindo as hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura.

Tudo isso acaba constituindo um diferencial competitivo para a IES que tem EAD em sua operação em um mercado cada vez mais competitivo e exigente. Atualmente este diferencial talvez ainda seja pouco notável do ponto de vista mercadológico, mas já é relevante, e a tendência é rapidamente agregar valor na percepção do mercado. Na medida em que os alunos começarem a provar das benesses da EAD (quando bem implementada), será essencial para a IES mostrar que seu corpo docente está sintonizado com o paradigma da EAD, que o aluno está inserido em uma estrutura acadêmica atualizada tecnológica e metodologicamente. Tal como já há tempos é importante para a IES apresentar infra-estrutura de informática para dar suporte ao ensino, já estamos vendo que a EAD já é citada como diferencial em anúncios de IES para o mercado. São sinais dos novos tempos se fazendo mostrar na realidade, vislumbrante para quem a percebe, mesmo que criticamente, e dura para quem a ignora (FARIAS, 2007)

Não há como concluir-se este estudo sem referenciar a realidade local presencial, no caso específico da Universidade do Contestado. Aqui, parece-nos que o problema que trava o EAD está na gerência da própria UnC. Detendo o saber, o conhecimento e as tecnologias do complexo EAD, a partir das simples atividades dirigidas ao cumprimento de até 40% da carga horária de algumas disciplinas, até as atividades mais complexas de oferecer cursos superiores de graduação inteiros, e indo além, até repassar estas experiências às ofertas de parte de disciplinas e de cursos inteiros de pós-graduação por EAD, seria um salto, ou melhor, seria um processo automático, sistemático, rápido e eficiente.

A instituição universitária que não acompanhar o ritmo de desenvolvimento da EAD no Brasil, envolvendo a sua estrutura, os professores e os alunos, não apenas deixará de avançar. Será logo ultrapassada pelas IES que acreditarem na propagação da nova modalidade de educação superior e, assim, por incapacidade de planejamento, ficará fadada diminuir sua atuação e a assistir o sucesso da concorrência.

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sexta-feira, 1 de junho de 2007

O EAD na UnC

A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
NA UNIVERSIDADE DO CONTESTADO
DENTRO DO PRESENTE MOMENTO HISTÓRICO,
SOB O PONTO DE VISTA DE UM PROFESSOR


Em agosto de 2o06 apresentei comunicação ao SEDEPE Docente e Discente da UnC, realizado em Curitibanos, com texto (sob o título acima), que refere-se a uma modalidade de ensino que está sendo introduzida na Universidade do Contestado - UnC, bem recentemente, surpreendendo os professores mais tradicionais e os alunos mais arredios, receosos ante a aplicação das inovações tecnológicos na educação, uma delas, a Educação a Distância, mais conhecida pela sigla “EaD”. O texto não historia esta modalidade e não explica seu funcionamento. Prende-se a abertura de uma discussão no seio da comunidade acadêmica da UnC, diretamente envolvida, na constatação a olhos vistos de que pouquíssimos professores e alunos estão suficientemente envolvidos na UnC-Virtual. O trabalho, que mostra o ponto-de-vista de um professor-pesquisador, é marcado pelo seu tempo presente na Histórica e pelo seu espaço definido, no interior da própria UnC.

Ao final do artigo, apresentei esta conclusão:

UnC-VIRTUAL – O EaD NA UnC

A UnC é uma Universidade multi-campi formada por cinco unidades: Concórdia, Mafra, Canoinhas, Curitibanos e Caçador, localizada na Região do Contestado, ou seja, nas regiões do Planalto, Meio-Oeste, Alto Uruguai e Norte Catarinense que, juntas, passam a formar uma comunidade virtual de aprendizagem dentro de um espírito humanista e ético. Comprometida com a diversidade e o pluralismo de idéias, visa à formação integral do ser humano e o desenvolvimento do pensamento crítico, do espírito de solidariedade, da cooperação e da autonomia por meio da construção do conhecimento. São Objetivos do Setor de EaD da UnC: oferecer e compartilhar novos espaços de aprendizagem mediada pelas tecnologias de informação e comunicação, e desenvolver processos e produtos educacionais que tenham como foco a interação entre os agentes da aprendizagem na busca permanente de inovação educacional.

O NEAD da UnC, credenciado pelo MEC em dezembro de 2004, espera obter os seguintes resultados: constituição de equipes de trabalho interinstitucional; compartilhamento de infra-estrutura e serviços; atuação como grupo formador de opinião em políticas referentes a EaD; contribuição para a contínua melhoria dos processos e serviços educacionais oferecidos pelas instituições parceiras; qualificação dos processos educacionais mediados pelas tecnologias de informação e de comunicação; e educação continuada; e geração de cursos e pesquisas.

Com a criação do Núcleo de Ensino a Distância – NEAD da Universidade do Contestado, já no final de 2004 e, consistentemente a partir de 2005, no seu primeiro momento, a UnC-Virtual passou a oferecer as disciplinas “História do Contestado” e “Universidade e Sociedade”. Em 2006, enquanto a UnC-Virtual expandiu seu leque para a oferta de mais disciplinas, cursos de capacitação e de aperfeiçoamento, um curso de graduação e dois de pós-graduação lato sensu, as duas disciplinas pioneiras foram aperfeiçoadas, sendo que o tema – EaD – tomou corpo agora, no segundo semestre de 2006. Nossa discussão de hoje, pois, não está fora do seu tempo.

O alerta

A UNIASSELVI, entidade mantenedora do Centro Universitário Leonardo da Vinci, com sede em Indaial (SC), acaba de lançar – agora em 2006 – a oferta de diversos cursos superiores de graduação, na modalidade “a distância”, entre os quais seis cursos de licenciaturas, os mesmos que são oferecidos pela UnC, na modalidade de ensino “presencial”: Magistério dos Anos Iniciais e Ensino Fundamental (Pedagogia), Ciências Biológicas, Geografia, História, Letras (Língua Portuguesa e Literatura) e Matemática[1].

A Superintendência de Ensino da UNIASSELVI informa que, para 2007, novos cursos serão oferecidos na modalidade virtual. A Instituição está seguindo os passos da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, e da Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, com sede em Londrina (PR), hoje a maior Instituição no Sul do Brasil que oferece ensino de graduação a distância.

O Centro de Educação a Distância – CEAD, da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, ainda não atua especificamente em todas as cidades, mas já está presente em diversos municípios da Região do Contestado, inclusive, em cidades vizinhas das sedes dos campi da UnC, assim retendo dezenas de alunos, antes possíveis clientes da IES caçadorense. O CEAD opera em um sistema de parcerias com instituições públicas e privadas, oferecendo cursos a distância que atendem às suas solicitações.

Neste sistema de parceria a UDESC iniciou operações em convênio com 84 prefeituras municipais de Santa Catarina para a implantação do Curso de Pedagogia - Licenciatura Plena, na modalidade de educação a distância, com a finalidade de capacitar 3.800 professores, sem graduação, atuantes no ensino fundamental, de 1ª à 4ª séries, em escolas da rede estadual e municipal. Mesmo enfrentando problemas administrativos internos e jurídicos, agora em 2006, o CEAD da UDESC está levando a educação a distância a 156 municípios catarinenses, atendendo a mais de 12.000 alunos.

Na Unopar-Virtual já estão sendo ofertados oito cursos pelo sistema de ensino a distância: Letras, Normal Superior, Pedagogia, Superior de Tecnologia em Administração de Agronegócios, Superior de Tecnologia em Administração de Pequenas e Médias Empresas, Superior de Tecnologia em Gestão de Marketing, Superior de Tecnologia em Gestão Estratégica de Vendas e Superior de Tecnologia em Turismo. A Unopar-Virtual é hoje uma das maiores Universidades de Ensino a Distância do País, com a oferta do Sistema de Ensino Presencial Conectado - SEPC. O Sistema possui aulas diferenciadas, ao vivo, preparadas por equipe tecno-pedagógica especializada, que permite interatividade entre professores, alunos e tutores eletrônicos de forma on-line. Os cursos ofertados pelo SEPC estão presentes em mais de 280 municípios, de 24 Estados brasileiros, nos cursos de graduação, pós-graduação (especialização), além da educação corporativa, alcançando mais de 50 mil alunos.

Na ASSELVI, para as aulas que iniciaram em março de 2006, só o Curso Normal Superior (Pedagogia), que oferece habilitação em “Anos Iniciais do Ensino Fundamental” – igual ao da UnC – recebeu mais de 5 mil inscrições, ou seja, começou com mais de 125 (cento e vinte e cinco) turmas de 40 (quarenta) alunos, matriculados cada uma. Os anunciados mais de cinco mil alunos residem nas regiões do interior e litoral do Estado, polarizadas nas sedes e redondezas das “cidades pólos de ensino” de Itapiranga, Xaxim, Caçador, Campos Novos, Lages, Criciúma, Capivari de Baixo, Guaramirim, Joinville, Florianópolis, Balneário Camboriú, Rio do Sul, Blumenau e Indaial.

Para a manutenção da oferta destes cursos na UNIASSELVI há uma equipe específica que coordena todas as atividades do Núcleo de Educação a Distância da instituição (NEAD), que é composto por coordenadores de curso, professores-autores, tutores, profissionais de comunicação, pessoal administrativo e pessoal de apoio logístico. O Núcleo de Educação a Distância (NEAD) – que coordena a oferta dos cursos – conta com uma equipe multidisciplinar “de primeira linha”, composta por professores, profissionais de comunicação (redatores e diagramadores dos materiais), especialistas em informática, coordenação e pessoal de apoio e logística.

Os cursos de licenciaturas a distância da UNIASSELVI têm carga horária total de 2.916 horas, distribuídas em conteúdos curriculares científico-culturais, atividades práticas e estágios curriculares, para integralização em 36 meses, ou apenas três anos. A comunicação entre a instituição e os alunos é feita via internet; pelo telefone 0800 e por contatos via e-mail, além de outras formas de interação, como chats e fóruns online. A mensalidade para 2006 é de R$ 160,00.

Dentre as três organizações mencionadas – Udesc, Unopar e Uniasselvi (sem contar a Unisul-Virtual, de Tubarão, que igualmente mostra intenções de alcançar Caçador com um pólo implantado para oferecer o ensino a distância) – a UNIASSELVI será, seguramente, a maior concorrente da Universidade do Contestado, nas licenciaturas, na área das Ciências Humanas, isso tão logo os estabelecimentos que porventura venha a se instalar – abrindo-se já a partir de 2007 uma feroz competição na qual a UnC não terá como acompanhar, se permanecer estática. O Sol nasceu para todos. E no embalo, aí vem a Universidade Federal de Santa Catarina, com os cursos de licenciaturas em Física e Matemática, Letras/LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais, entre outros, todos gratuitos e à distância, a Universidade Federal do Paraná com o Curso de Administração, a distância, a Universidade Regional de Chapecó, com os cursos de Geografia e Letras. E preste-se atenção à investida que fará a UNIDERP, de Campo Grande (MS).

Ousamos alertar que os seis cursos superiores de graduação da UnC – de licenciaturas em Letras, Pedagogia, História, Geografia, Ciências Biológicas e Matemática – serão os primeiros a ser alcançados pela concorrência das instituições que promovem o ensino a distância e, sem demanda para ingressos em novas turmas, estão fadados a ter problemas. Pelo que se anuncia, os próximos quatro cursos da UnC a sofrerem com esta concorrência virtual, poderão ser, se confirmados: Serviço Social, Turismo (que aqui já estão em declínio e em fase terminal), mais Administração e Ciências Contábeis, estes últimos integrantes da área de Ciências Sociais. No caso de Caçador, em sendo assim, possivelmente já no decorrer de 2007, dos 23 diferentes cursos atualmente oferecidos pela UnC-Caçador, com certeza seis deles (26%) ou nove deles (43%) poderão passar a enfrentar concorrência com cursos similares, oferecidos na modalidade de ensino a distância, por outras Instituições, que não tem nenhum compromisso sócio-cultural com nossa comunidade.

Tomando por base o Curso de Formação de Professores e outros cursos de ensino a distância da ASSELVI, eles têm as vantagens de menor tempo de integralização (em apenas 36 meses, contra 48 meses na UnC), não exigir presença física às aulas (o tempo de freqüência obrigatória às aulas do aluno na UnC, lá pode ser usado para trabalho remunerado) e, principalmente, no valor das mensalidades escolares (R$ 160,00 lá, contra uma mensalidade média de R$ 390,00 na UnC)... isso tudo constituindo para os alunos uma economia de tempo e custeio financeiro mais do que considerável.

Neste advento, a UnC precisa mudar, já. A região possui cerca de 800 mil habitantes, distribuídos por 60 municípios. A carência do ensino superior, que existia até meados dos anos 1990, terminou. Hoje, a área está aberta, tanto para as instituições locais, como para as instituições “de fora”, elas que, no embalo da modernidade e da globalização, souberam encontrar instrumentos para surgir, crescer e vencer.

As instituições locais, representadas hoje pelos campi da UnC e da Unoesc, ao se transformarem em universidades, sem outras receitas alternativas, além das mensalidades escolares, acolheram o peso do custeio das demais atividades em pesquisa e em extensão, inexistentes nas instituições concorrentes – faculdades e/ou centros universitários, que, por esta natureza, só custeiam o ensino. Seria possível reduzir-se os custos na UnC com a manutenção de cursos de licenciaturas, como se encontram estruturados hoje, a nível de fazer frente à competição com as IES do ensino a distância? Seguramente, não.

Lembramos que, na complexidade dos ordenamentos jurídicos da UnC, os cursos superiores de graduação, ofertados nos campi, pertencem à Universidade do Contestado, mas competem ao campi da UnC as atividades atinentes às suas ofertas. As iniciativas para a promoção de quaisquer mudanças no ensino de graduação podem partir dos campi; entretanto, as concretizações das mudanças, dependem de aprovação pelos órgãos competentes da UnC.

A UnC deve repensar, replanejar e reelaborar, imediatamente, pelo menos oito (8) cursos superiores de graduação das licenciaturas, a fim de abrir suas ofertas como “ensino a distância” no início de 2007: Pedagogia, Ciências Biológicas, Geografia, História, Letras (Língua Portuguesa e Literatura), Matemática, Turismo e Serviço Social. Poderá, se assim resolver, manter os atuais cursos presenciais e ampliar o leque para os cursos virtuais Em não o fazendo agora, há que se considerar a possível não-oferta de novas turmas destes cursos em 2007, tomando-se as providências para os respectivos encerramentos de atividades, deixando-se, por conseqüência, o campo livre para a concorrência. Querendo manter os cursos da forma como estão, busquem-se então alternativas outras, novas, diferentes, para mantê-los. E essa busca terá resultados?

De forma paralela, sugerimos ações imediatas para aproveitamento do que dispõe a legislação brasileira de ensino, objetivando transformar o percentual de 20% das disciplinas dos demais cursos, de presenciais para virtuais, ou seja, do modelo tradicional para o ensino a distância, repassando-se as reduções de custos obtidas – que serão significativas – em favor dos encargos educacionais dos alunos.

Lamentavelmente, parte destas sugestões, de novos olhares às necessidades de mercado, começaram a ser pensadas ainda em 2004, no âmbito da “grande” UnC, pelos diretores dos campi, objetivando encontrar-se novas alternativas e formas de redução de custos institucionais, mas, as iniciativas foram abortadas no interior da própria UnC, ainda naquele ano, deixando-se as unidades à mercê das IES concorrentes. Hoje, entre outras medidas inadiáveis, propomos para discussão a imediata estruturação do NEAD em departamentos dos campi da UnC, cada um dividido em dois setores: um para a oferta de 20% de disciplinas aos cursos e, outro, para a oferta de cursos completos de graduação, atuando em paralelo às coordenações de áreas e de cursos.

A favor do EaD na nossa Universidade, vemos agora em 2006 as matrículas de professores colegas nossos para cursos de capacitação nesta modalidade. São resistências sendo quebradas.

Diante disso,

É preciso aproveitar-se os recursos que a rede internet tem trazido para a UnC. Lembrando que a EaD e todas as suas potencialidades para facilitar a aprendizagem distribuída (adaptada aos próprios ritmos e condições de vida) são uma resposta para as mudanças originadas da acumulação acelerada e altamente difundida do novo conhecimento e às mudanças no mercado profissional, que hoje requer treinamento permanente dos trabalhadores que queiram acompanhar as ofertas de trabalho cada vez mais diferenciadas e especializadas, Célia Vidal trata da importância da internet na EaD:

A mudança introduzida pelas tecnologias interativas (especialmente a internet), relançou essa modalidade de formação, introduzindo ferramentas e processos que permitem alcançar novos objetivos pedagógicos. É assim que, através da internet, não só se pode trabalhar com os conhecimentos dos especialistas, como se constrói aprendizagem a partir dos apartes dos participantes[2]

Nossas discussões precisam considerar a multipartite envolvida: a instituição (como um todo, mais equipes e instrumentos), os professores e os alunos. O ambiente de ensino & aprendizagem que se vivencia no EaD permeia por um relacionamento de colaboração e participação entre as três partes, principalmente entre professor e aluno.

Criar este ambiente de colaboração faz parte de uma educação que se preocupa com a construção de uma sociedade solidária. Uma educação comprometida com a formação de um aluno que saiba conviver, pois alimentamos e somos alimentados por outras vidas. Com isto, busca-se romper com a competição desenfreada e o individualismo que levam a pessoa a pensar somente no seu bem-estar, e busca-se através da compreensão do outro, compreender melhor a nós mesmos[3].

Como propaga o NEAD da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a superação das barreiras de tempo e espaço na construção do aprendizado também ocorre por meio de atividades assíncronas. Nos horários que lhes sejam mais favoráveis, os participantes dos Cursos de Educação a Distância podem ler os textos previamente redigidos pelos professores, assistir vídeo-aulas, ouvir explicações do professor, consultar o acervo de vídeos, leis e links, realizar exercícios e, inclusive, registrar nos fóruns as suas contribuições para que se amplie coletivamente a compreensão dos temas estudados.

Nesta e nas próximas décadas do Século XXI, o progresso estará subordinado às tecnologias da informação e comunicação, que vêm transformando paradigmas em todos os campos de atuação humana, em especial no meio acadêmico. É por meio destas tecnologias que se aprimoram, cada vez mais, mecanismos de captação e difusão do conhecimento, essencial para a produção e a inovação em qualquer atividade.

A disseminação das tecnologias de informação e comunicação (associadas aos avanços da informática) na universidade tem propiciado alternativas valiosas para o ato de ensinar e aprender, modificando os papéis docente e discente, bem como nossas concepções de tempo e espaço, especialmente em face da educação a distância. Aliás, o que esperar de uma sociedade cada vez mais tecnológica, em que a informação e o conhecimento se tornaram cruciais para a qualidade de vida e matéria-prima para o desenvolvimento em todo o mundo? É o que nos pergunta o professor Eurípedes Silva, para quem

Países desenvolvidos há muito se valem das tecnologias de informação e comunicação para a criação de ambientes educacionais modernos e eficientes, empregando plataformas baseadas na Internet para a comunicação entre alunos e professores (sistema e-learning ou b-learning). O modelo de ensino centrado na sala de aula (limitada no tempo e no espaço) e no professor (detendo o conhecimento e a decisão do que e como ensinar), à frente de alunos passivos (meros recebedores de informação), tem os seus dias contados![4] .

Ainda segundo Eurípedes Silva, é de se lamentar a reação anacrônica de parte de alguns docentes, muitos deles avessos à moderna tecnologia, confundindo mérito com método. Não atinaram que a nossa própria educação se dá segundo um processo à distância, numa hibridação de meios e de orientação muito pouco presenciais. Diz ele que “Nossos filhos, por exemplo, os educamos no escasso tempo de convivência no lar, competindo com a educação que absorvem da escola, dos familiares, da rua e da mídia”. Ora, a comunicação, hoje em dia, de interesse pessoal ou profissional, processa-se predominantemente a distância, seja via computador, telefone, fax, áudio ou vídeo[5].

Com estas informações, esperamos ampliar as discussões sobre a necessidade da mudança nos paradigmas da formação de professores e a rápida implementação do Ensino a Distância na nossa UnC Em agindo ou interagindo, poderemos ser, não apenas testemunhas oculares de mais um momento importante da História Contemporânea Regional, mas agentes dessa mudança.

- Devemos abandonar o ensino presencial, substituindo-o pelo ensino virtual?
- Devemos manter o presencial e ampliar as atividades, introduzindo também o virtual?
- Devemos optar por um sistema misto de ensino, que seja semi- presencial?
- Devemos ficar à margem da evolução e permanecer com o ensino da forma como está?
- Quem tomará as decisões e assumirá as responsabilidades pelas decisões?

[1] Além destes, a UNIASSELVI também está oferecendo dois cursos superiores de Tecnologia, Gestão de Logística Empresarial, e de Gestão de Empresas (este último curso que obteve o expressivo número de 3.460 inscritos em maio de 2006), ambos que concorrem na área do Curso de Administração da UnC-Caçador.

[2] VIDAL, Célia Alvariño. Formação a Distância Massiva de Docentes, através da Internet. Aprendizagens de experiências desenvolvidas no Chile. Manuscrito. Contatos .

[3] WAQUIL, Márcia Paul. Uma metodologia de aprendizagem diferenciada com a internet: o significado desta experiência para os alunos. Porto Alegre: PUC-RS, FE/CIE (Mimeo).

[4] SILVA, Eurípedes. In: Tecnologia e Educação.

[5] SILVA, Eurípedes. Op. cit.

sábado, 26 de maio de 2007

Blog específico para EAD

Neste blog estarei tratando exclusivamente de temas sobre Educação a Distância - EAD, ao qual tenho me dedicado bastante.